quinta-feira, 14 de junho de 2012

Fático e racional


Qual é a importância do jornalismo científico para o Brasil? Esse estilo de jornalismo ainda é pouco desenvolvido no país. No início de 1970, a Universidade de São Paulo começou a ministrar cursos de extensão universitária sobre esse tema. Desde então, jornais de âmbito nacional e regional se destacaram apresentando bons cadernos científicos.

Com 130 anos de existência O Estado de S.Paulo assumiu a colocação de um dos 20 melhores jornais do mundo. A cobertura científica realizada pela editoria divide espaço com a editoria de Meio Ambiente. Mas, muitas informações sobre ciência encontram-se dispersas nas demais editorias.

Rosângela Aparecida Reis Machado em seu estudo comparativo, Quando a ciência é notícia 2000-2001, mostra que as matérias sobre Ciência e Tecnologia (C&T) do Estadão 62,60% é dirigido à Humanidades; predominando e deixando para trás a área de Biológicas; com 0,7%; Saúde com 4,6%. A editoria de Economia mantém um padrão constante de divulgação científica pelo motivo de suas matérias serem fundamentadas em pesquisas de universidades ou sociedades científicas.

Já o jornal Folha de S.Paulo busca com sua pauta passar credibilidade aos leitores, em sua maioria, pessoas físicas que tem maior interesse por assuntos relacionados a Ciência - principalmente no dia-a-dia - como por exemplo, agricultores, apicultores, pecuaristas, homens, mulheres, mães, pais, professores, crianças, etc.

Doutor em Editoração pela USP, Isaac Epstein explica que existem dois tipos de comunicações científicas: a primária (Interpares) ocorre entre cientistas dentro da própria especialidade utilizando conceitos e linguagens específicas. E a secundária (Comunicação Pública da Ciência) é oferecida ao público leigo. É conhecida popularização da ciência.

O Estado de S.Paulo parece prezar pela comunicação científica primária usando referências científicas - um meio de atingir seu público pela razão. Já a Folha parece adotar a comunicação científica secundária, usando as funções poéticas e fáticas chamando a atenção dos leitores pela emoção e persuasão.

(Texto publicado na editoria Caderno de Ciência da 44ª edição do Canal da Imprensa no dia 28 de abril de 2005. Tema da Edição: Ciência em crise, jornalismo em queda)

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