domingo, 22 de julho de 2012

Terra à vista, dos leitores

Terra, céu e mar. Pessoas, animais e lugares. Passado, presente e futuro. Reportagens, imagens e curiosidades. Isso é um resumo de onze anos da revista Terra, e dos leitores que adoram ler sobre as relações entre o homem, à natureza e o mundo.

O jornalismo ambiental que a revista Terra apresenta, não se limita apenas em fronteiras ecológicas. Humaniza temas atuais com ousadia, linguagem descontraída e envolvente. Na edição de maio, a reportagem de capa foi "Cruzadas, uma história que ainda não terminou". Retorna os séculos passados para contar a história da guerra que até hoje parece não ter findado no Oriente entre as religiões. Discute como a cristandade está em pauta através da mídia, com lançamentos de filmes hollywoodianos.

Publicado na bancas e pelo site oficial da revista, da Editora Peixes, parece que o nome da Terra tem um significado, de "palco". Isso para os acontecimentos mundiais, nacionais, culturais, sociais, naturais, animais e outros "ais", que jornalistas não deixam escapar de publicar.

Humanização é assunto para muitas pautas. São fontes de pesquisas, viagens, entrevistas com especialistas e profissionais. Alguns temas polêmicos que mexem como público leitor, entre outros jornalistas e especialistas sobre as temáticas publicadas. Em 13/01/04, a Terra publicou uma extensa matéria "Existo, logo penso", sobre os pensamentos dos animais e as provas de que eles realmente pensam. Polêmica, em que pesquisadores e filósofos do Projeto dos Grandes Primatas (GAP) defendem os macacos como seres pensantes semelhantes aos seres humanos. Parece que o meio ambiente ficou de lado e partiu para o "meio científico".

Jornalismo científico?
É impossível falar de Jornalismo Ambiental sem mencionar o Jornalismo Científico, ambos não andam separadamente. Jornalista profissional desde 1977 e especializada em Ciência e Meio Ambiente, Liana John, em entrevista à Associação Brasileira de Jornalismo Científico (ABJC) disse: "Jornalismo Ambiental, no meu entender, é Jornalismo Científico."

Em 1968, surgiu na França a primeira entidade de Jornalismo Ambiental. Nesse mesmo ano, era preso no Brasil o repórter Randau Marques, primeiro jornalista brasileiro a se especializar em meio ambiente, por escrever uma reportagem falando da quantidade de peixes que morriam com o uso de agrotóxicos usados por agricultores na região de Franca, cidade paulista.

O estilo eco-jornalismo exige que o repórter apure melhor os fatos, segundo o jornalista e professor Pedro Celso Campos, "a utilização do jornalismo para a educação ambiental dos cidadãos é incompatível com o modelo de jornalismo atualmente institucionalizado, onde a pressa de noticiar determina uma apuração superficial, o que gera notícias incompletas, confusas, quando não totalmente falsas."

É comum observar na maioria dos meios de comunicação a forma em que o meio ambiente é manchete, onde o único meio é através de desastres em queimadas e os desmatamentos na Amazônia ou na Mata Atlântica. A revista Terra procura mostrar algo além dessa visão "sensacionalista" abordando todos os bastidores dessa luta ecológica.

Humanização global
Agora uma humanização "ecológica" mais cultural. Outra reportagem, de maio/2005 de Marcel Vicenti e Marcelo Cúria sobre a produção de coca na Bolívia, mostrando os dois lados da planta. O negativo, que deriva a cocaína e toda uma vasta indústria do crime ao redor do mundo. E o positivo, como produto de consumo inofensivo e milenar entre os povos andinos, além de representar o único meio de vida possível para milhares de camponeses bolivianos. Uma discursão que levanta a poeira da Revista Terra.

Com o objetivo atingir todo o território do planeta com ênfase na região do Brasil, a revista publicou no mês de maio uma reportagem que mostra o trabalho da equipe que vai aos confins do país para demarcar nossas divisas. Nessa matéria percebe-se que o jornalista Thiago Medaglia e o fotógrafo Eduardo Issa acompanharam o que os membros da Primeira Comissão Brasileira Demarcadora de Limites (PCDL) enfrentam.

Ela mostra também o que o Brasil faz para manter a ecologia e o meio ambiente. A água, maior preocupação do mundo, tem sua abordagem aprofundada na revista. Assim como a extinção das 13 espécies de araras existentes no Brasil, região que concentra o maior número de espécies. Sua característica não é polêmica e trata as matérias de forma profunda e objetiva. As fontes e as entrevistas são de alto nível.

Muitas reportagens da Terra são publicadas em outros veículos. Em destaque na revista Caminhos da Terra. Reportagens que se tornam livros, como o exemplo "Viúvas da Terra", publicado em novembro de 2002, pelo ex-editor da Terra, Kléster Cavalcanti. O tema foi tão apurado, que Kléster esteve no sudeste do Pará para colher relatos de vítimas do conflito agrário. A repercussão se tornou notícia literária.

O site sempre disponibiliza informações atualizadas. Na seção "Notícias da terra", notinhas repercutidas sobre o meio ambiente e ecologia. Pra quem gosta de conhecer lugares bonitos, o "Pé na estrada" é o guia de ecoturismo, com expedições, aventuras radicais por terra, céu e mar, belezas naturais, pontos turísticos. No "Jornal da História", fatos do mês que ficaram na memória. E o leitor ainda interage como autor, enviando aventuras e histórias ecológicas vividas.

A ecologia e o meio ambiente estão presentes com relevância na revista. E divide espaço com assuntos polêmicos históricos e factuais. Fazendo uma análise visual do que é ecológico ou não, a revista Terra prioriza 50 por cento do conteúdo na temática ambiental, e a outra metade em variedades do mundo. Mas se tudo é pertencente a "Mãe Terra", a revista jornalisticamente é 100% ambiental.

A revista Terra tem muito chão pra rodar neste mundão afora. Independente disto, todo jornalista ambiental tem a obrigação de escavar, explorar e descobrir o que é sempre notícia para todo o ser humano que vive no espaço Terra.

(Texto publicado no dia 09/06/05 sobre Jornalismo Ambiental para o Canal da Imprensa)

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